No mundo contemporâneo, o plástico é abundantemente empregado em diversos setores da economia e indústria. Sendo utilizado para a fabricação de embalagens, vestuários, bens de consumo, eletroeletrônicos, transporte, maquinaria industrial, alimentação, medicamentos, construção civil e outros. Diante de numerosa aplicabilidade e demanda, de acordo com a primeira edição do manual do plástico, de 1950 a 2017 foram produzidos aproximadamente 9,2 bilhões de toneladas de plástico em todo o mundo. Considerando sua diversa e constante utilização, é muito provável que não haja sequer um dia em que não toquemos algum objeto ou material feito de plástico. Mas, afinal, o que é plástico? Plástico é um material polimérico – isto é, constituído por cadeias de unidades químicas repetitivas ligadas covalentemente – que é sintetizado com diferentes características e propriedades conforme a necessidade de sua aplicação. Geralmente, os plásticos podem ser classificados como: termoplásticos, polímeros que não sofrem mudanças químicas quando são aquecidos, podendo ser fundidos novamente e reaproveitados; termofixos, polímeros que sofrem mudança química quando aquecidos e não podem ser fundidos novamente; elastômeros, polímeros com propriedades elásticas (isto é, são capazes de retornar a sua forma e tamanho originais após sofrer uma deformação) e que não podem ser fundidos novamente. O infográfico abaixo mostra como são classificados os plásticos, mais especificamente os termoplásticos, mais utilizados no dia a dia. Quando no ambiente, materiais feitos de plásticos são expostos à ação das intempéries e a fatores estressores que provocam a sua fragmentação em detritos menores que 5 mm, passando a ser denominado de microplástico. Os microplásticos fazem parte do problemático grupo dos poluentes emergentes e se proliferaram para os mais diversos tipos de ambientes, do aquático até o terrestre e atmosférico. Além disso, microplásticos são comumente encontrados em organismos marinhos que alimentam toda uma cadeia trófica. Nesse contexto, surgiram estudos que visavam investigar se nós, seres humanos, também estávamos sendo invadidos por microplásticos. Infelizmente, os resultados indicam que os microplásticos estão conseguindo adentrar por diferentes vias o organismo humano. O recente e pioneiro estudo realizado na universidade de Hull York, no Reino Unido, analisou 13 amostras de tecido pulmonar humano, cedido por pacientes que passaram por procedimento cirúrgico do pulmão. Das 13 amostras de tecido pulmonar, 11 amostras continham 39 fragmentos de microplásticos incrustrados ao tecido e espalhados pelas diferentes partes do pulmão. Outro estudo publicado na Annals of Internal Medicine investigou a presença de microplásticos em 8 amostras de fezes humanas. O estudo contou com 8 participantes com idades de 33 a 65 anos e de diferentes nacionalidades (Japão, Rússia, Países baixos, Reino Unido, Itália, Polônia, Finlândia e Áustria). Surpreendentemente, todas as 8 amostras analisadas continham microplásticos de 50 a 500 micrômetros; em média, detectou-se que cada 10 gramas de fezes continham 20 partículas de microplásticos. Os microplásticos mais comuns foram polipropileno e polietileno terefitalato. A presença de microplásticos no organismo humano e não-humano pode ser problemático, pois eles atuam como vetores e carregam outros tipos de poluentes prejudiciais à saúde, além disso, aos plásticos são adicionados, durante sua produção, vários aditivos químicos que lhes conferem certas propriedades, esses aditivos também podem ter impacto nos tecidos dos órgãos. Ademais, por se tratar de um corpo estranho, esses fragmentos de plástico presentes nos tecidos humanos podem desencadear respostas imunológicas locais, gerando processos inflamatórios. Dessa forma, apesar de contarem com uma amostra de tamanho muito pequeno, e isso impossibilita fazer inferências acerca da população, esses estudos já abrem precedentes para estudos mais robustos sobre a presença de microplásticos no organismo humano, também expõe a necessidade de se investigar a consequência desses polímeros na saúde humana. Por fim, estudos como esses, talvez, nos levem a refletir um pouco mais sobre o modo de vida contemporâneo e suas consequências para o bem-estar do meio ambiente e, consequentemente, o nosso. Artigos e outras notícias do assunto:
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Maio 2022
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